Jesus é para nós na Eucaristia um Doutor que nos Ensina, por Padre Pierre Chaignon



Quem não lamentaria um homem caminhando sem uma tocha no meio das trevas em um caminho ladeado de precipícios e não tendo para esclarecer os seus passos senão a luz incerta dos astros da noite?

A que funestos acidentes e a que perigos se não exporá ele? Umas vezes, tomando as sombras como realidades, tremerá quando nada tem a recear, outras vezes adiantando-se com segurança, precipita-se num abismo, quando julga pôr pé em lugar seguro; triste imagem da multidão considerável de semi-cristãos, com a sua fé quase inútil porque esta é sem vivacidade! Ela projeta apenas alguns clarões pálidos e trêmulos sobre o caminho por onde marcham; daqui as quedas, as ilusões e os falsos juízos! Chamam bom o que é mau; alegram-se quando seria necessário chorar! Quanto é diferente aquele que prossegue à claridade de uma fé viva! Este está ao abrigo de todo o erro em matéria de salvação, aprecia as coisas como elas são e pelo que valem, porque as vê, e por assim dizer, pelos atos de Deus mesmo (Sl 35 (36), 10).

Mas se queremos gozar abundantemente desta luz benéfica voltemos os olhos para o sol da justiça, defrontemos a Eucaristia. O altar é a cadeira da verdade onde o Deus da Eucaristia todos os dias instrui os pequenos humildes. A comunhão é a escola onde o Deus de amor fala aos nossos corações pelas doces insinuações da sua graça que Ele varia consoante as nossas inclinações e necessidade. É aí que, na intimidade da sua ternura, o Bom Mestre se coloca ao nível de todos; aí satisfaz o gênio que tem sede de conhecer como a inteligência singela, que se limita a pedir a ciência necessária para crer e amar; é aí que Ele ensina essa sublime sabedoria que o mundo chama de loucura; e que d’Ele se aprende essa ciência dos santos que os sábios desdenham, mas que o humilde cristão acha, com razão, como a única que possa assegurar a sua felicidade neste mundo e no outro. Quantas almas fervorosas poderiam trazer aqui o testemunho da sua própria experiência? Se algum dia, no meio das suas inquietações, dúvidas e perplexidades vieram fazer sua confidência a Jesus presente no seu sacramento de amor, não sentiriam elas que um raio de luz se escapava do tabernáculo, insinuando se até no fundo de seus corações? Depois de o haverem adorado e orado, elas se ergueram confortadas e fortalecidas como se lhes tivera arrancado uma venda que lhes cobria os olhos; e se retiraram cheias de tranquilidade e segurança pela via que acabava de lhes ser mostrada. É pelo seu exemplo que Jesus Cristo na Eucaristia nos confirma as lições que nos deu, infundindo-nos santas inspirações.

A vida oculta de Jesus Cristo na obscuridade dos nossos santuários, vida concentrada em Deus, privada de todas as vantagens exteriores, às quais o mundo liga tanta valia, contém para nós um ensinamento da mais alta importância, mostrando-nos que devemos desprezar todos os bens falsos e só procurar a felicidade onde Ele se acha. No seu misterioso silêncio o Salvador de contínuo nos repete com o Real Profeta:

“Filhos dos homens, até quando estarão vossos corações gravados para terra; e até quando vos apaixonareis pela vaidade e mentira (Sl 4, 3)?”

Se a felicidade consistisse no brilhantismo, na abundância de tudo o que lisonjeiam os sentidos, nos haveres, nas riquezas, na estima das criaturas; a minha situação na minha vida eucarística seria das mais desgraçadas. Quem esteve mais privado do que eu dessas supostas vantagens, que vos parecem indispensáveis? Qual é a minha pobreza e a solidão em que me deixam? E nos raros momentos em que sou visitado, quantas vezes me encontro em presença de corações indiferentes ou até de inimigos declarados! E, todavia, nada falta para a minha felicidade; acho-a perfeita dentro de mim mesmo, nos bens espirituais e nada espero de fora. Estou unido a meu Pai, amo-O, e o possuo, e assim a minha felicidade é inalterável. Comprazo-me tanto em um pobre cibório como no palácio mais aparatoso.

Pois bem; tu, ó minha alma, ignoras que o que faz a felicidade de Jesus pode fazer a tua? Meu Deus, vós fartais todos os eleitos; concedei-me a mesma graça.

TRECHO DO LIVRO:

A PAZ DA ALMA - FRUTO DA DEVOÇÃO À EUCARISTIA E DO ABANDONO À PROVIDÊNCIA.
PADRE PIERRE CHAIGNON
ANO:1882.
VERSÕES: KINDLE IMPRESSO

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