Símbolos do Santo Sacrifício da Missa, por Frei Martinho de Cochem



O primeiro símbolo da Santa Missa foi o sacrifício do justo Abel que oferecia piedosamente ao Altíssimo as primícias de seu rebanho.

Este sacrifício agradou ao Senhor; pois que diz a Sagrada Escritura:

“O Senhor lançou os olhos sobre Abel e sobre a sua oferta. (Gn 4, 4)”

O sacrifício de Abel partia de um coração submisso e fiel, e era feito em vista do futuro Salvador. O fogo desceu do céu, diz a Sagrada Escritura, e consumiu o holocausto de Abel.

O sacrifício de Abel agradou visivelmente ao Altíssimo; mais lhe agrada, porém, o Sacrifício do Novo Testamento. Quando o sacerdote oferece na Santa Missa o pão e o vinho e pronuncia as palavras da consagração, o fogo divino do Espírito Santo consome o pão e o vinho, mudando-os no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. Este holocausto, portanto, é infinitamente mais agradável ao Senhor que o de Abel. O Pai Celestial o acolhe com grande satisfação, dizendo:

“Este é o meu Filho bem amado em quem pus toda a minha complacência. (Mt 3, 17)”

São outras figuras do Santo Sacrifício da Missa os sacrifícios de Noé, de Abraão, de Isaac e de Jacó, narradas em vários lugares da Sagrada Escritura.

Porém, o símbolo mais tocante da Santa Missa foi o sacrifício que Melquisedec ofereceu a Deus Todo-Poderoso, em reconhecimento da vitória de Abraão.

Este sacrifício consistia em pão e vinho, e era acompanhado de preces e de cerimônias particulares. O próprio Melquisedec era uma figura de Jesus Cristo. Seu nome significa: Rei da Paz; pois, como Jesus Cristo, era ao mesmo tempo rei e sacerdote.

No cânon da Missa, imediatamente depois da consagração, se faz menção dos sacrifícios antigos quando o sacerdote diz:

“Oferecemos à vossa sublime Majestade o dom de uma vítima † pura, de uma vítima † santa, de uma vítima † sem mancha, o pão sagrado † da vida eterna e o cálice da eterna † salvação. Outrora aceitastes os sacrifícios dos tenros cordeiros que vos ofereceu Abel; o sacrifício que Abraão vos fez de seu filho único, imolado sem perder a vida; enfim o sacrifício misterioso do pão e do vinho que vos apresentou Melquisedec.”

É o suficiente para indicar que esses sacrifícios foram imagens do Sacrifício da Missa. Não obstante, muitos católicos interpretam mal esta oração e os hereges dela se escandalizam. Imaginam que o sacerdote pede a Deus que aceite o Sacrifício da Missa com tanta complacência como aceitou os de Abel, de Abraão, de Melquisedec, como se o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo pudessem ser comparados com a oblação de animais ou de pão e de vinho. Deveriam antes notar que o sacerdote não implora a Deus que tenha por agradável sua oferta, por ter a convicção plena de que o seu Filho Único é infinitamente mais precioso a Deus Pai que todas as criaturas juntas; mas pede somente que sua oferta pessoal, o modo de oferecê-la, a piedade com a qual a oferece, seja também agradável ao Altíssimo como foi a piedade com que lhe sacrificaram Abel, Abraão e Melquisedec.

TRECHO DO LIVRO:

A SANTA MISSA PARA LEIGOS - UMA EXPLICAÇÃO DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
FREI MARTINHO DE COCHEM.
ANO 1704.

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