Maria no Corpo Místico de Cristo, por Padre Julio Maria de Lombaerde
Em síntese, acusam a Igreja Católica de fazer de Maria Santíssima:
1. O factótum da corte celeste.
2. Um objeto de adoração.
3. Uma novidade desconhecida no Evangelho e nos primeiros tempos do Cristianismo.
Tomemos, uma por uma, todas as objeções e lhes demos uma resposta clara e sucinta, que dissipe todos os erros e faça refulgir a única verdade católica.
Maria Santíssima não é, nem pode ser o factótum. É uma heresia, que a significação dos próprios termos refuta.
O factótum é Deus; e por isso só a Ele é devida toda a honra e glória nos séculos dos séculos, como diz o apóstolo (1Tm 1, 17).
O termo adoração exprime o culto desta honra suprema, e este termo é exclusivamente reservado ao culto de Deus.
O termo superveneração exprime o culto que prestamos à Mãe de Deus; e nada tem de comum com a adoração, de modo que, neste culto, o excesso é impossível; para que houvesse excesso, necessário seria que ultrapassando o culto de superveneração, alguém deslizasse na adoração, o que nenhum católico faz, nem pode fazer.
Qual é, pois, exatamente, o lugar de Maria Santíssima na hierarquia divina da religião?
É simples e é belo. É São Paulo quem nos vai fornecer a descrição, em sua linguagem figurada e teológica. Ele escreve:
“Assim como num só corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim ainda que muitos, somos um só corpo em Cristo, e cada um de nós membros uns dos outros. (Rm 12, 4-5)”
“Ora, vós sois corpo de Cristo, e membros unidos a membro. (1Cor 12, 27)”“E ele é a Cabeça do corpo, da Igreja, e é o Princípio, o primogênito dentre os mortos; de maneira que ele tem primazia em todas as coisas, porque foi do agrado do Pai, que residisse nele toda a plenitude, e que por ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas. (Cl 1, 18-19)”
Eis uma figura esplêndida da Igreja. A Igreja é o corpo místico de Jesus Cristo. Um corpo possui necessariamente três partes:
A cabeça, o pescoço, os membros inferiores.
É uma figura muitas vezes empregada pelo apóstolo. A cabeça é o Cristo. Os membros somos nós.
E como são ligados à cabeça os membros deste corpo?
Pelo pescoço. O pescoço é, pois, a parte mediana, que é um membro do corpo, mas com esta particularidade, que é membro que toca ao mesmo tempo, a cabeça e os membros.
E entre os diversos membros deste corpo qual é a criatura que toca ao mesmo tempo Deus e as criaturas?
É a Virgem Maria. Pela sua natureza, ela é uma simples criatura; pela sua dignidade, ela é Mãe de Deus. E que união mais íntima pode existir entre duas criaturas do que a união de mãe e filho?
Eis porque Maria Santíssima é chamada pelos Santos: o pescoço do corpo místico de Jesus Cristo. Esta figura exprime admiravelmente o lugar que Maria Santíssima ocupa na Igreja e no culto católico. Ela não é a cabeça, ela é membro. Ela não é um simples membro, mas entre todos os membros, goza do privilégio único e incomunicável de ser diretamente unida à cabeça, enquanto todos os outros membros o são por intermédio do pescoço.
Eis como cai por terra a primeira objeção protestante, acusando a Igreja de fazer de Maria Santíssima o factótum da religião. O factótum e a cabeça é Jesus Cristo. O Intermediário, o membro de ligação entre Jesus Cristo e os homens, é Maria Santíssima.
Ora, quem é capaz de confundir pescoço com a cabeça?
Quem não vê, que de nenhum modo e nunca o pescoço pode substituir a cabeça, ou ser colocado em cima da cabeça?
A comparação de São Paulo é, pois, típica, profunda, expressiva, e indica para cada parte do corpo místico do Salvador o seu lugar próprio.
Jesus Cristo. Maria Santíssima. Os homens.
TRECHO DO LIVRO:
A MULHER BENDITA DIANTE DOS ATAQUES PROTESTANTES - RESPOSTAS IRREFUTÁVEIS ÀS OBJEÇÕES PROTESTANTES CONTRA O CULTO DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA.
PADRE JULIO MARIA DE LOMBAERDE
ANO: 1936
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