A Raça da Mulher, por Padre Julio Maria de Lombaerde



Não paremos aqui, mas estudemos cada frase desta passagem profética da glória de Maria (Gn 3, 15).

Provado que tal texto se aplica à Mãe de Jesus, analisemos os seus diversos aspectos para melhor destacar o seu objeto central: a Virgem Maria.

“Porei inimizade entre ti e a mulher.”

Notemos bem que não é simplesmente entre Eva e a serpente, mas sim entre a mulher bendita e a semente da serpente. Nada pode haver de mais formal! Pelo pecado original, Eva, Adão e toda a sua posteridade estão sujeitos ao demônio. Não há simplesmente guerra, mas sim domínio de Satanás sobre a raça humana. E eis que Deus, anunciando a mulher, a Virgem Maria, cuja semente é o Cristo, diz:

“Porei inimizade entre ti e a mulher.”

Que quer dizer isso?

É um modo enérgico de dizer que Satanás não estenderá o seu domínio sobre esta mulher... que entre ambos haverá uma oposição radical, uma inimizade de raça*. É a razão porque Deus completa a ideia, dizendo:

“Entre a tua posteridade e a posteridade dela. (Gn 3, 15)”

Resulta necessariamente desta adição que as inimizades que devem existir entre a serpente e a mulher, Maria, são as mesmas que existirão entre a serpente e a posteridade da mulher. Esta semente é Jesus Cristo. Deve existir, pois, entre a serpente e Maria a mesma inimizade que existe entre a mesma serpente e Jesus Cristo. Ora, tal inimizade fundamental entre a serpente e Jesus Cristo é a ausência completa em Jesus de todo e qualquer pecado, sendo o pecado a figura e representação de Satanás. Ela deverá ser concebida no mesmo estado em que ela o conceberá: na inimizade do mal, ou na Imaculada Conceição. Podemos e devemos aplicar a ambos: à mulher e à sua posteridade, à Maria e a Jesus, o fim da profecia:

“Ela te esmagará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar. (Gn 3, 15)”

Maria esmagou a cabeça da serpente pela sua Imaculada Conceição, como já ficou dito, embora o demônio armasse traições a seu calcanhar.

Tais traições são os sofrimentos físicos e morais, as perseguições, as barbaridades, os crimes, o aniquilamento de Jesus durante a sua Paixão e morte; que seriam para qualquer outra pessoa que Maria, tentações de desespero, de desconfiança, ou pelo menos de temor, de dúvida, como o foram para os apóstolos.

O demônio procurou deste modo abater a coragem, diminuir a confiança, resfriar o amor da Virgem Santíssima, sem nada alcançar; pois a fé de Maria, a sua esperança e o seu amor estavam muito acima das vacilações humanas.

O demônio ignorava o segredo da Imaculada Conceição; por isso tentava-a, torturava-a, sob o peso de alcançar o calcanhar, isso é, o corpo da Virgem Santa, continuando a sua alma elevada na região da fé pura e do amor divino.

Armou traições, mas foi esmagado sob o peso deste calcanhar virginal, que tinha o peso da santidade de seu divino Filho.

Eis o sentido claro desta bela profecia.

Não é preciso vergar ou adaptar o texto sagrado à tese aqui defendida; é o seu sentido óbvio, sempre aceito na Igreja e defendido por todos os séculos.

Bela e sublime revelação implícita da Imaculada Conceição.

*Complementando, Maria Santíssima em nenhum momento poderia ter tido contato com o pecado, nem mesmo em sua conceição; pois se assim fosse, teria tido um instante em que ela foi amiga da serpente.

TRECHO DO LIVRO:


A MULHER BENDITA DIANTE DOS ATAQUES PROTESTANTES - RESPOSTAS IRREFUTÁVEIS ÀS OBJEÇÕES PROTESTANTES CONTRA O CULTO DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA.
PADRE JULIO MARIA DE LOMBAERDE
ANO: 1936
VERSÕES: KINDLE IMPRESSO

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