Como Bem fazer a Comunhão Espiritual, por Frei Martinho de Cochem
Depois de ter declarado ser o desejo da Santa Igreja que todos os fiéis fizessem a Santa Comunhão na Missa a que assistem, o Santo Concílio de Trento recomenda, instantemente, aos que se reconhecem indignos da recepção da Eucaristia, fazer ao menos a Comunhão Espiritual que consiste no ardente desejo de receber Jesus Cristo. Esta prática não seria tão recomendada, se não fosse proveitosíssima às nossas almas e um dos principais meios de aumentar-nos à graça divina e a glória celeste.
Quando Jesus Cristo estava na terra, fez muitas curas pela imposição das mãos; a muitos, porém, restituiu a saúde de longe, sem estar presente, como, por exemplo, à filha da Cananeia e ao servo do centurião. A infinita generosidade de Nosso Senhor não se limita às almas que se aproximam dignamente de seu Sacramento de Amor, estende-se também àquelas que não podem recebê-l’O sacramentalmente. Não diz ele: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá mais fome, e aquele que crê em mim, não terá mais sede”(Jo 6, 35)? Ir a Jesus é crer n’Ele e amá-l’O. Quem for a Ele deste modo será saciado. Jesus Cristo não ligou sua graça à Santa Comunhão, de forma que não possa concedê-la sem a recepção do Sacramento. Uma Comunhão Espiritual, feita com ardentes desejos, produz em nós mais graças que uma Comunhão Sacramental feita sem fervor. A intensidade de nossos desejos é a medida da graça que nos vem pela Comunhão Espiritual.
Mas, como fazer para bem comungar espiritualmente? O sábio Fornéro, Bispo de Hebron, no-lo ensina:
“Todos os que ouvem a Santa Missa com boas disposições, são nutridos, de maneira mística, com o Corpo de Jesus Cristo. A virtude da Santa Missa é tão grande que basta unir-se espiritualmente ao sacerdote, para participar com ele do fruto do Sacrifício.”
Esta doutrina é muito consoladora, para os que desejam fazer a Comunhão Espiritual e não sabem como fazê-la. Basta dizer: Uno minha intenção com a do sacerdote, e desejo, comungando com ele, participar do Santo Sacrifício.
Acrescenta o Bispo de Hebron:
“Assim como os nossos membros que não comem, nutrem-se tão bem como a boca, da mesma maneira, os que assistem à Santa Missa nutrem-se, espiritualmente, por intermédio do sacerdote, sem comungar realmente. Assim também é justo que, quem está em espírito com o celebrante à mesa do Senhor, seja também nutrido em espírito com ele. Se os convidados de um rei não saem com fome da sala do festim, como nosso Divino Salvador deixaria ir embora, sem ficarem saciados, aqueles que vieram adorá-l’O na Santa Missa?!”
A Santa Missa é a grande ceia do Senhor; aí, cada um recebe sua parte a não ser que feche, obstinadamente, a boca de sua alma diante da mão de Jesus Cristo, que lhe oferece seu Corpo em alimento.
A Comunhão Espiritual é, portanto, santa e salutar. A Santa Igreja diz expressamente:
“Aqueles que, pelo desejo, comem deste pão celeste, sentem-lhe o fruto e a utilidade, em virtude da fé viva que a caridade torna fecunda.”
TRECHO DO LIVRO:
A SANTA MISSA PARA LEIGOS - UMA EXPLICAÇÃO DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
FREI MARTINHO DE COCHEM.
ANO 1704.
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