Como Maria é Mãe de Deus, por Padre Julio Maria de Lombaerde
Se eu perguntasse a um protestante se ele é verdadeiramente o filho de sua mãe... e se a progenitora dele é verdadeiramente a mãe dele, de certo, ele olharia para mim com grande espanto; admirado de que um homem em posse de seu bom senso, possa duvidar de um filho não ser o filho de sua mãe.
E teria razão! Muita razão! Mas, como é que ele pretende que Jesus sendo filho de Maria... Maria não é a Mãe de Jesus?
A sua mãe, caro protestante, é apenas a mãe de seu corpo. Ora, o homem é composto de um corpo e de uma alma, sendo a alma a parte principal do homem, pois é ela que comunica ao corpo a vida e o movimento. A sua mãe da terra não é a autora de sua alma. A alma é criada por Deus para cada corpo em particular. A sua mãe é, pois, apenas a mãe da parte material de seu ser. Como é que o senhor diz que ela é sua mãe?
Se o amigo protestante tivesse um pouco de instrução, responderia: É certo, a minha mãe é apenas a mãe de meu corpo e não o é da minha alma, porém a união desta alma e deste corpo forma a minha pessoa, e a minha mãe é a mãe de minha pessoa. Sendo ela a mãe de minha pessoa, que é composta de corpo de alma, é bem e realmente minha mãe. Deus criou-me uma alma, porém ele não criou a minha pessoa, que provém da união substancial do corpo e da alma. A minha mãe é a mãe desta pessoa, pois é em seu seio que se operou esta união do corpo e da alma.
O meu caro protestante raciocinando e falando deste modo, falaria como um homem sensato, mostrando que é filho de sua mãe, e que esta mãe é realmente a mãe dele. Pois bem, apliquemos estas noções de bom senso ao caso da Maternidade Divina de Maria Santíssima. Há em Jesus Cristo duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana. Estas duas naturezas reunidas constituem uma única pessoa: a pessoa de Jesus Cristo. Ora, Maria é a Mãe desta única pessoa que possui ao mesmo tempo a natureza divina e a natureza humana, como a nossa mãe é a mãe da nossa pessoa.
Maria Santíssima deu a Jesus Cristo a natureza humana; não lhe deu, porém, a natureza divina, que vem unicamente do Pai Eterno. Maria deu à pessoa de Jesus Cristo a parte inferior: a natureza humana, como a nossa mãe nos deu a parte inferior da nossa pessoa: o corpo. Apesar disso a nossa mãe é a mãe da nossa pessoa, e Maria é a Mãe da pessoa de Jesus Cristo.
E notemos que em Jesus Cristo há só uma pessoa, e esta pessoa é divina, infinita, eterna: é a pessoa do Verbo, do Filho de Deus, igual em todas as coisas ao Pai Eterno e ao Espírito Santo. E Maria Santíssima é a Mãe desta pessoa divina. Logo, ela é a Mãe de Jesus, a Mãe do Verbo Eterno, a Mãe do Filho de Deus, a Mãe da segunda pessoa da Santíssima Trindade, a Mãe de Deus; pois tudo isso é a mesma e única pessoa, nascida do seu seio virginal.
Jesus Cristo, Filho de Deus e da Virgem Imaculada, é Deus feito homem; em outros termos: é Deus revestido de um corpo e de uma alma. A alma de Jesus Cristo criada por Deus, é realmente e alma do Filho de Deus. A humanidade de Jesus Cristo, composta de corpo e de alma, é realmente a humanidade do Filho de Deus. E a Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe deste Deus revestido desta humanidade: ela é a Mãe de Deus feito homem. Ela é a Mãe de Deus.
“Maria, de quem nasceu Jesus. Maria, de qua natus est Jesus. (Mt 1, 16)”
Eis como, por uma lógica irretorquível, o bom senso nos prova que Maria é verdadeiramente a Mãe de Deus. Ela não é a Mãe da divindade, como a nossa mãe não é mãe da nossa alma; mas ela é a Mãe da pessoa de Jesus, como a nossa mãe é mãe de nossa pessoa. A pessoa de Jesus é uma pessoa divina, é a pessoa do Filho de Deus. A nossa mãe é a mãe da nossa pessoa; esta pessoa é humana e é determinada chamando-se: Pedro, Paulo, José, Maria ou Regina, pouco importa o nome.
Por isso a nossa mãe sendo a mãe da nossa pessoa, é verdadeiramente a nossa mãe; ou mãe de Pedro, ou de Paulo, ou de José, ou de Maria, ou de Regina. Basta deste raciocínio para mostrar o absurdo dos infelizes protestantes em quererem negar um título à Maria Santíssima que lhe é próprio, que foi dado por Deus, e que lhe é absolutamente devido, pelo fato de ser ela a Mãe de Jesus.
TRECHO DO LIVRO:
A MULHER BENDITA DIANTE DOS ATAQUES PROTESTANTES - RESPOSTAS IRREFUTÁVEIS ÀS OBJEÇÕES PROTESTANTES CONTRA O CULTO DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA.
PADRE JULIO MARIA DE LOMBAERDE
ANO: 1936
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