Honrar a Presença de Jesus Cristo no Tabernáculo Visitando-O, por Padre Pierre Chaignon



A alma fiel procura visitar o seu Salvador no seu santuário, e não poderia, com efeito, haver ocupação mais racional, suave e útil.

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No quinto século, piedosos cenobitas se consagraram a formar uma guarda de honra perpétua ao Divino Rei. Divididos em diversas tribos como em outro tempo os filhos de Israel, sustentavam no templo do Senhor uma salmodia que nunca era interrompida. Demos graças a Deus por haver suscitado nos nossos dias comunidades religiosas, cuja vocação é também de render contínuas homenagens ao Deus dos nossos santuários. Mais e mais; esse zelo não se concentra nos claustros, e seculares fervorosos nos dão dele belos exemplos; vemo-los em muitas das nossas cidades adorar o Santíssimo Sacramento durante todas as horas, não só diurnas, mas noturnas... Apesar de tão louvável emolução, quantas razões não temos ainda para gemer sobre o olvido em que se deixa tão admirável e tocante mistério!

O Padre Berthier disse:

Há milhares de associados na adoração perpétua, e milhões de corações insensíveis à presença do Filho de Deus, residindo entre nós.

O Padre Balthasar Alvarez não podia refletir sobre a solidão das nossas igrejas sem sentir-se penetrado de uma profunda dor.

Estranha contradição, que se observa a este respeito no procedimento de grande número de pessoas, que fazem profissão de piedade! Fazem viagens para irem reverenciar as relíquias dos santos; transportam-se com ardor aos lugares onde se conservam algumas porções da verdadeira cruz, alguns espinhos da coroa do Nosso Senhor... Praza a Deus que não censuremos estas devoções. Mas como conceber essa ânsia em praticá-las, com uma espécie de indiferença para com a Santa Eucaristia? Essas mesmas pessoas têm em um santuário ao pé delas ou de suas casas não os ossos de um santo, mas o corpo vivo do Santo dos Santos; têm aí nesse tabernáculo não a cruz e os espinhos, instrumentos dos sofrimentos de Jesus Cristo, mas Jesus Cristo mesmo que só espera a sua visita para enchê-los com os seus favores.

Onde está o cristão, por pouco que ele mereça esse nome, que não fizesse objeto de alegria, ir venerar, se pudesse os lugares consagrados pela presença do Salvador durante a sua vida mortal; beijar essa terra santa onde Ele imprimiu as suas sagradas pegadas; honrar todos os lugares onde assinalasse o seu poder e bondade pelos seus milagres e benefícios? Cansar-se-ia ele de contemplar o Calvário, onde Jesus Cristo sofreu tanto para a expiação dos nossos pecados, e deixaria de regar com as suas lágrimas os lugares que Ele inundou com o seu sangue? Nós temos tudo isso nas nossas igrejas e muito mais do que isso. Jesus apenas passou na Palestina e já não está, à medida que escolher os nossos templos para renovar neles todas as maravilhas da sua vida e da sua morte e para permanecer aí até a consumação dos séculos.

Uma reflexão muito simples nos fará sentir a conveniência da nossa assiduidade a visitar o santo sacramento. Imagino que um monarca unicamente para me honrar e proteger e mostrar toda a afeição, que ele tem por mim, vem fixar a sua habitação no lugar onde moro, afim que eu possa apresentar-me diante dele e implorar o seu socorro tantas vezes quantas quiser. Poderei eu ser insensível a semelhante benevolência? Como seria considerado o meu procedimento se eu desdenhasse visitá-lo e aproveitar-me de uma bondade tão generosa? Pois o que nenhum rei fez ainda em benefício de seus súditos, fê-lo Jesus Cristo por causa de nós, porque é só pela nossa utilidade e pelas delícias que Ele encontra em morar no meio dos filhos dos homens, que perpetuou a sua presença nos nossos santuários. Qual será o bom filho que não goste de procurar seu pai e entreter-se com ele? Que satisfação há para um amigo como conversar com o seu amigo fiel? Quanto deveríamos felicitar-nos de poder a todos os momentos fazer a Jesus Cristo a confidência das nossas penas, derramar as nossas lágrimas no seu seio e receber as graças e favores com que desejo encher-nos!

Davi exprimia-se nos seguintes termos:

Senhor dos exércitos! Quanto os vossos tabernáculos são deslumbrantes! A minha alma está em ânsia por habitar a vossa casa. (Sl 83 (84), 2-3 )”

Ouçamos Santo Ambrósio que nos exorta a não desdenhar tão grande misericórdia. Diz este santo doutor:

Em qualquer estado que vos encontreis, quer dominado pelas inclinações da carne, quer afeiçoado ao mundo pelos laços da ambição, quer forcejando por dominar as vossas imperfeições, quer tendo já feito grandes progressos na virtude; tudo encontrareis n’Ele.

Se procurais a cura das chagas da vossa alma, Jesus Cristo é o melhor dos médicos; se es-tais abrasado pela concupiscência, Jesus é uma fonte que vos refrigera; se gemeis debaixo do peso das vossas iniquidades, Ele vos aliviará; se tendes necessidade de socorro, Ele é a força; se evitais as trevas, Ele é a luz; se temeis a morte, Ele é a vida; se desejais o céu, Ele é o caminho para lá. Felizes as almas que põem todas as suas esperanças em Jesus Cristo.

TRECHO DO LIVRO:

A PAZ DA ALMA - FRUTO DA DEVOÇÃO À EUCARISTIA E DO ABANDONO À PROVIDÊNCIA.
PADRE PIERRE CHAIGNON
ANO:1882.
VERSÕES: KINDLE IMPRESSO

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